É um lago congelado
Que foi posto em sua frente,
Pois perto desse lugar,
No coração do continente,
Há este alguém predestinado
Ao mundo inteiro navegar,
Mas um lago congelado,
Pra enganar a sua mente,
Provoca-lhe medo de afundar
Sob a água, de repente,
Sendo assim sentenciado
A viver longe do mar.
Mas seu reflexo congelado
Respira com seu pulmão,
Ele pára subitamente
E vê sua índole no chão
Como um futuro revelado
Falando, infelizmente,
Sobre um muro projetado
Pra enganar a sua mente,
Uma barreira artificial
De rochas lado a lado,
Que interrompe a corrente
E muda a estória e seu final,
É um objeto desenhado
Em tamanho suficiente
Pra cobrir o céu e o mar
Das janelas do oriente,
Como um horizonte improvisado
Pra lhe impedir de enxergar
Um possível afluente
Que o levasse até lá.
Restando-lhe ouvir sentado,
Que ele não pode consertar
Esse mundo que, de tão carente,
Mostra um sonho, assassinado,
Um coração de uma semente
Que ainda nem foi plantado.
-Mas nessa terra ainda vou
Ser eternamente,
Nas memórias lembrado
Por ter asas e alçar vôo
Um segundo adiante.
(NOGUEIRA, André)